segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Num artigo do DN intitulado "o que falta para sair da crise" César das Neves aponta um dos graves problemas da política e da mentalidade tecnocrática. Pode-se resumir a texto na ideia de que se não avançamos é porque não sabemos para onde ir, nem sabemos bem onde estamos. Em termos de economia vai ao fundamental: é uma questão com uma forte ligação à componente cultural.

Actualmente é-me mais fácil compreender pessoas assim, com ideais ou fé, do que os comentários mais gerais e comuns. É quase como se todos os que acreditam em algo tivessem facilidade em ver o inimigo comum, o nada - esse adversário complicado.




Um pouco antes passei por este artigo, que passo a citar (sem pretender nenhuma carga negativa para o primeiro artigo):

"O dinheiro tornou-se mais e mais um Deus ao qual todos tinham que servir e diante do qual todos tinham que se prosternar. O Deus Celestial tornou-se mais e mais uma velharia ultrapassada e foi posto de lado para dar espaço ao culto de mammon. E assim começou um período de total degeneração que se fez especialmente pernicioso porque ocorria num tempo em que a Nação necessitava de ideais grandiosos, pois a hora crítica aproximava-se. A Alemanha deveria ter-se preparado para proteger com a espada seus esforços de ganhar o pão de cada dia pacificamente. Infelizmente, a predominância do dinheiro recebeu apoio e sanção daqueles que deveriam ter-se oposto a ela. (...). Na prática, contudo, todas as virtudes ideais passaram para o segundo plano em relação ao dinheiro, pois estava claro que, uma vez tomado esse caminho, a nobreza da espada brevemente seria suplantada pela finança (...). Um sério estado de ruptura económica era urdido pela lenta eliminação do controle pessoal dos investimentos e a gradual transferência de toda a estrutura económica para as mãos das sociedades por acções (...). Desse modo, o trabalho foi rebaixado a objecto de especulação ao alvedrio de exploradores sem escrúpulos. A despersonalização da propriedade aumentou em grande escala. Os círculos financeiros passaram a triunfar e progredir lenta mas seguramente na assunção do controle de toda a vida nacional. A melhor prova de quão longe essa "comercialização" da nação alemã fora longe pode ser vista claramente após a guerra, quando um dos principais industriais alemães afirmou que somente o comércio poderia reerguer a Alemanha."


Adolf Hitler, Mein Kampf


O sucesso da recuperação alemã, em termos económicos e políticos, revela a importância que um ideal combinado com uma cultura capaz de "fazer" traz tudo o que é necessário para o desenvolvimento sem estar constantemente a falar, de forma vazia, em competitividade. Claro que nem todos os ideais são bons, apenas a utilidade dos mesmos é garantida.

Sem comentários: