sexta-feira, 31 de agosto de 2007


Sentado aqui eis que modelo homens
À minha imagem,
Um género que me seja comparável,
Para sofrer e chorar,
Para gozar e jubilar,
Para te não venerar,
Como eu!

Prometeu (Goethe), em A Origem da Tragédia (Nietzsche)


sábado, 25 de agosto de 2007

Ultimamente vejo bastantes mulheres grávidas, o que é sempre uma visão animadora.

Ouço ainda histórias de homens de meia idade indignados por as grávidas passarem à frente na caixa prioritárias do supermercado. Será talvez melhor evitar os assuntos tristes.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

(...) Alguém poderá dizer: "Não te envergonhas, Sócrates, de teres levado uma vida como essa que todos nós conhecemos, e que hoje te conduziu ao risco de pena de morte?". A esse eu replicaria justamente: "Enganas-te, amigo, se julgas que um homem com algum mérito, por fraco que seja, deve ter em conta o risco de viver ou de morrer, em vez de ter unicamente na ideia quando actua, se o que faz é justo ou injusto, se é digno de um homem de bem, ou de um malvado. Na tua opinião, seriam desprezíveis todos os semideuses que morreram em Tróia, incuindo o filho de Tétis, que, para fugir à desonra, de tal modo despresou o perigo que, sua mãe (e era uma deusa!) vendo-o impaciente por matar Heitor lhe diz mais ou menos isto: "Meu filho, se vingares a morte de Patrocolo, derramando o sangue de Heitor, tu morrerás também, porque, morto Heitor, a morte está no teu destino". - Ele, não obstante o aviso, receando muito mais uma vida de covardia, sem ter vingado o amigo, desafiou a morte: "Que eu morra imediatamente - exclamou - depois de ter punido o malfeitor, e não fique exposto ao escárnio, inútil carga de terra junto às curvas naus."

Platão, Apologia de Sócrates

domingo, 19 de agosto de 2007

Haruki Murakami

Enquanto procurava nos marcadores do firefox por uma página passo por www.randomhouse.com
e noto que tal sítio nada me diz. Segue-se o clic e lá estou a ver que a página é de um escritor japonês, Haruki Murakami. Vi que obras tinha, encontrei algumas na FNAC e até ponderei comprar. Volto à página do escritor, dou umas voltas e lá encontro as habituais citações de imprensa americana, Los Angeles Times, The New Tork Observer, ... Ter a imprensa americana a falar de nós não é bom, mas à partida não é terrível.

Estão por lá umas trocas de mail devido às traduções deste escritor nos EUA. Segundo o tradutor partes dos livros de Murakami seriam alteradas, ou melhor, seria dada a sugestão para serem alteradas. É assim que por lá entendem o trabalho do editor, trabalho que o tradutor diz ter desempenhado de forma caridosamente gratuita (estes americanos são uns simpáticos).
Tendo em conta que a tradução portuguesa decididamente terá como alicerce a americana surge um telhado de apreensão.

Falta ver quais as influências do escritor. Raymond Chandler, Kurt Vonnegut, Richard Brautigan. Todos americanos, nenhum que me interesse. Murakami decidiu ainda traduzir obras de F. Scott Fitzgerald, Truman Capote, Jonh Irving e Raymond Carver. Não li trabalhos de todos, apenas tive a infelicidade de ler um ou outro.


Não vou ler nada deste japaricano. No entanto, no decorrer das buscas pela página da FNAC sempre encontrei dois trabalhos de Moraes. Só falta que a página funcione.

sábado, 18 de agosto de 2007

No livro de que tenho vindo a falar encontrei esta página:

http://www.clausewitz.com/CWZHOME/

É uma página escrita em inglês, com bastante informação sobre o Prussiano.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A popularidade de Sun Tsu

No início do "confronto" entre Sun Tsu e Clausewitz no livro Estratégia O Grande Debate" o autor, com um rigor que incute a todo o livro, alerta imediatamente para o facto de a obra de Sun Tsu consistir em 30 páginas enquanto a de Clausewitz (e ficando apenas pelo Vom Kriege) conta com 562. A popularidade de Sun Tsu em áreas do conhecimento como a gestão não será alheia a este aspecto. Não fosse a gestão a área com nascente situada num país pouco amigo do conhecimento e muito dado aos "casos de sucesso".

Estratégias infalíveis (parte 1 de 2)

Continuando a seguir Clausewitz podemos encontrar alguém que no princípio do séc. XIX já alertava para alguns problemas que aparentemente se agravaram nos dias de hoje em campos do conhecimento além da estratégia. As seguintes citações encontram-se nas páginas 126 e 127
do livro Estratégia o Grande Debate:

"A teoria não consegue apetrechar o intelecto com fórmulas para resolver os problemas..."

"Somente a parte analítica destas tentativas de teoria constitui um progresso no domínio da verdade; a sua parte sintética, que inclui prescrições e regras, é completamente inutilizável. Elas visam grandezas certas quando tudo na guerra é incerto e todos os álculos se fazem com grandezas variáveis. Elas só consideram grandezas materiais, enquanto que o acto da guerra é todo ele compreendido de forças e de efeitos espirituais e morais. Apenas têm em conta a actividade de um só campo enquanto que a guerra repoussa numa acção incessante que os dois campos exercem um sobre o outro."


Aquilo que encontramos não é um relativismo ou tentativa de redução do valor das teorias, apenas se pretende destacar os limites do nosso conhecimento e os perigos de tentar resolver problemas complexos como o da guerra com receitas simples, repetíveis e infalíveis. Esta ideia de prudência, de consiência das limitações das teorias, é aplicável a campos como o da Economia - possivelmente aquele que tem sido mais tentado seguir o caminho que devemos evitar. Mas com o monismo metodológico que podemos considerar que enfrentamos não é de todo surpreendente que tal se verifique. É no entanto extraordinário que a ideia de solução infalível não se desgaste, após o inevitável fracasso apenas se muda a solução infalível - não a ideia de infalibilidade.