segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Estratégias infalíveis (parte 1 de 2)

Continuando a seguir Clausewitz podemos encontrar alguém que no princípio do séc. XIX já alertava para alguns problemas que aparentemente se agravaram nos dias de hoje em campos do conhecimento além da estratégia. As seguintes citações encontram-se nas páginas 126 e 127
do livro Estratégia o Grande Debate:

"A teoria não consegue apetrechar o intelecto com fórmulas para resolver os problemas..."

"Somente a parte analítica destas tentativas de teoria constitui um progresso no domínio da verdade; a sua parte sintética, que inclui prescrições e regras, é completamente inutilizável. Elas visam grandezas certas quando tudo na guerra é incerto e todos os álculos se fazem com grandezas variáveis. Elas só consideram grandezas materiais, enquanto que o acto da guerra é todo ele compreendido de forças e de efeitos espirituais e morais. Apenas têm em conta a actividade de um só campo enquanto que a guerra repoussa numa acção incessante que os dois campos exercem um sobre o outro."


Aquilo que encontramos não é um relativismo ou tentativa de redução do valor das teorias, apenas se pretende destacar os limites do nosso conhecimento e os perigos de tentar resolver problemas complexos como o da guerra com receitas simples, repetíveis e infalíveis. Esta ideia de prudência, de consiência das limitações das teorias, é aplicável a campos como o da Economia - possivelmente aquele que tem sido mais tentado seguir o caminho que devemos evitar. Mas com o monismo metodológico que podemos considerar que enfrentamos não é de todo surpreendente que tal se verifique. É no entanto extraordinário que a ideia de solução infalível não se desgaste, após o inevitável fracasso apenas se muda a solução infalível - não a ideia de infalibilidade.

Sem comentários: